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Vidas não são negociáveis

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Foto do diretor-geral do DetranRS Enio Bacci ao lado da palavra opinião com aspas. Assinatura com o logotipo do DetranRS
Preocupa-nos a sinalização de que seriam suspensos os contratos dos radares nas rodovias

Enio Bacci, diretor-geral do DetranRS

Junto com o controle do álcool e do celular, do uso do cinto de segurança, cadeirinhas e capacetes, a gestão da velocidade é uma das recomendações da Organização Mundial de Saúde para reduzir a mortalidade no trânsito.  No contexto da Década de Ação pela Segurança no Trânsito, o Brasil e o mundo têm se empenhado para implementar medidas que comprovadamente aumentam a segurança no trânsito.

Preocupa-nos a sinalização vinda da esfera federal de que seriam suspensos os contratos para instalação de radares nas rodovias federais. Isso vai na contramão de um esforço que, só no Rio Grande do Sul, conseguiu reduzir em 23% as mortes no trânsito em relação a 2010. Esse avanço, que nos colocou em vias de atingir a meta de reduzir pela metade a previsão de vítimas até 2020, fica ameaçado com a medida.

Retirar os radares das rodovias é dar carta branca para os maus motoristas pisarem ainda mais fundo, provocando tragédias que seriam evitáveis caso houvesse algum tipo de controle. Não há dúvidas de que os radares inibem o comportamento inadequado, e que a rigidez na punição é, muitas vezes, a única forma de “educar” determinados motoristas.

O custo dos contratos pode ser revisto. O custo em vidas não. Quando dizemos que vidas não têm preço, falamos do sofrimento das famílias e da tragédia que representa para a sociedade perder uma vida para uma causa evitável. Mas, para o Estado, as mortes no trânsito têm preço a mais. E esse preço é alto. Atendimento hospitalar, assistência previdenciária, perda de produtividade. Tudo isso deve ser contabilizado ao optar por deixar as estradas livres para serem utilizadas como pistas de corrida.

Não podemos ter essa visão míope de que se gasta muito com segurança no trânsito ou questionar a existência desses controles utilizando-se a narrativa da “indústria da multa”. É tecnicamente comprovado que os radares aumentam a segurança das estradas. O que se pode fazer é deixar mais claros os critérios de instalação, além de melhorar a sinalização, reduzindo assim os argumentos daqueles que não se convencem que vidas não são negociáveis como contratos.

Artigo publicado na edição de final de semana (13 e 14 de abril) do jornal O Informativo do Vale.

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