Acidentes com motos já deixaram 242 mortos em 2010
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De janeiro a junho de 2010, 242 pessoas já perderam a vida no trânsito do Rio Grande do Sul em acidentes envolvendo motos. O número é 23% maior que no primeiro semestre de 2009, quando os acidentes com motos deixaram 196 mortos. De lá pra cá, a frota cresceu 6% e o número de condutores na categoria cresceu 5%. Embora no cadastro de condutores somente 27% dos motociclistas exerçam atividade remunerada, esse número é consideravelmente maior, já que muitos ainda atuam na informalidade.
O levantamento do Detran/RS demonstra a importância da Lei Federal 12.009/09, que regulamenta a profissão de motofretista e institui a obrigatoriedade de diversos requisitos de segurança, como equipamentos especiais e cursos de direção defensiva.
A taxa de acidentalidade envolvendo motos é das mais altas: 2,7 em cada 10 mil da frota se envolveram em acidentes com mortes no período, enquanto a taxa para automóveis é de 1,6. Vinte e oito por cento das vítimas do trânsito no primeiro semestre morreram em acidentes com motocicletas. Se considerarmos que o Brasil só registra as vítimas que morrem na hora do acidente, o número de vítimas do trânsito deve ser muito mais elevado.
Trânsito deixa exército de incapacitados
O Centers for Disease Control and Prevention e a ONU calculam que para cada vítima fatal no trânsito, 19 sobrevivem com algum tipo de ferimento. Dentre esses, cerca de 1/3 tem seqüelas gravemente incapacitantes, como amputações (muito comuns em acidentes com motociclistas) e lesões medulares. Proporcionalmente, poderíamos estimar em quase mil incapacitados por acidentes com motos no Estado. Isso só no primeiro semestre de 2010.
Além da incapacitação física, os acidentes de trânsito tem conseqüências na saúde mental das vítimas, como estresse pós traumático, fobias, ansiedade e depressão. Estima-se que entre 8 a 40% das vítimas sofrerão Transtorno de Estresse Pós Traumático no primeiro ano após o acidente (estudo Sequelas Invisíveis dos Acidentes de Trânsito).
Um estudo realizado em 2009 pelo NEPTA (Núcleo de Estudos e Pesquisas em Trânsito e Álcool) da UFRGS estimou em mais de 66,4 milhões o custo da acidentalidade em Porto Alegre. O cálculo avaliou os custos diretos (médicos, policiais, judiciários, danos a propriedade e custos com remoção) e indiretos (perda de produtividade do acidentado e acompanhantes). Se considerarmos que Porto Alegre concentra 18% dos acidentes do Estado e 29% dos veículos envolvidos nos acidentes do estado são motocicletas, o custo estimado dos acidentes com motos no Estado é de mais de R$ 107 milhões ao ano. Isso sem levar em conta que, segundo apontou a mesma pesquisa, o custo dos acidentes com motos é maior que entre os outros tipos de veículos.
“Todos esses dados acionam o alerta vermelho para a categoria dos motociclistas”, explica do Diretor Técnico do Detran/RS, Ildo Mario Szinvelski. “O último Relatório Global pela Segurança nas Estradas, da Organização Mundial de Saúde, recomendou atenção especial para os considerados usuários vulneráveis – pedestres, ciclistas e motociclistas, além de reforço na legislação para combater os fatores críticos da acidentalidade (alcoolemia ao volante, velocidade, uso do capacete, cinto de segurança e cadeirinhas para crianças). A Lei 12.009/09 vem ao encontro dessas recomendações, priorizando aqueles mais vulneráveis entre os vulneráveis”.